Obra: "Pelo amor de Deus" (Artista: Damien Hirst)
A morte e o Projeto de Vida
Já dizia o filósofo Montaigne: “Quem ensinasse os
seres humanos a morrer, os ensinaria a viver”.
Refletir
sobre a morte tornou-se um tabu em nossa sociedade contemporânea. Por inúmeros
motivos, a morte foi banalizada, ela tornou-se um evento genérico, distante e
virtual. Evita-se, constantemente, refletir sobre a morte.
Pensar
sobre a morte implica em pensar sobre o Projeto de Vida pessoal e coletivo. O
estilo de vida individualista, massificado e avaliado pela produção e acumulação
de bens, provoca uma alienação na existência humana. Porque a vida fica sem
sentido e torna-se uma vida absurda.
Nesta
perspectiva, dizia o filósofo Sartre: “Quanto mais absurda a vida, menos
suportável é a morte”. Para fugir do seu destino, isto é, que o ser humano é “um
ser para a morte”, mergulha-se nas longas jornadas de trabalho, no consumismo,
no hedonismo e em todo tipo de subterfúgio que busque o afastamento da reflexão
sobre a vida. A vida em comunidade, a vida planetária, o destino do ser humano e
de todos os seres existentes.
Neste
contexto, as pessoas idosas, as pessoas doentes e as pessoas mais pobres são as
mais penalizadas. Porque são tratadas como um peso para a sociedade, são
desumanizadas, apartadas e condenadas à morte de maneira cruel.
Pensar
sobre a morte implica em pensar sobre os valores humanos, a ética, os afetos e
nos aspectos sublimes da existência. Expressos na espiritualidade, ligada ou
independente da religiosidade; na produção estética; nas festas populares
autênticas; e nas diversas expressões do espírito humano.
Refletir
sobre a morte nos coloca numa reverência ao legado dos nossos antepassados e
exige de nós um compromisso com as gerações futuras.
Bibliografia
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.
MONTAIGNE,
Michel de. Os Ensaios. São Paulo:
Companhia das Letras, 2010.