sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Artigo: A morte e o Projeto de Vida

Obra: "Pelo amor de Deus" (Artista: Damien Hirst)

A morte e o Projeto de Vida

      Já dizia o filósofo Montaigne: “Quem ensinasse os seres humanos a morrer, os ensinaria a viver”.
         Refletir sobre a morte tornou-se um tabu em nossa sociedade contemporânea. Por inúmeros motivos, a morte foi banalizada, ela tornou-se um evento genérico, distante e virtual. Evita-se, constantemente, refletir sobre a morte.
       Pensar sobre a morte implica em pensar sobre o Projeto de Vida pessoal e coletivo. O estilo de vida individualista, massificado e avaliado pela produção e acumulação de bens, provoca uma alienação na existência humana. Porque a vida fica sem sentido e torna-se uma vida absurda.
         Nesta perspectiva, dizia o filósofo Sartre: “Quanto mais absurda a vida, menos suportável é a morte”. Para fugir do seu destino, isto é, que o ser humano é “um ser para a morte”, mergulha-se nas longas jornadas de trabalho, no consumismo, no hedonismo e em todo tipo de subterfúgio que busque o afastamento da reflexão sobre a vida. A vida em comunidade, a vida planetária, o destino do ser humano e de todos os seres existentes.
         Neste contexto, as pessoas idosas, as pessoas doentes e as pessoas mais pobres são as mais penalizadas. Porque são tratadas como um peso para a sociedade, são desumanizadas, apartadas e condenadas à morte de maneira cruel.
         Pensar sobre a morte implica em pensar sobre os valores humanos, a ética, os afetos e nos aspectos sublimes da existência. Expressos na espiritualidade, ligada ou independente da religiosidade; na produção estética; nas festas populares autênticas; e nas diversas expressões do espírito humano.
         Refletir sobre a morte nos coloca numa reverência ao legado dos nossos antepassados e exige de nós um compromisso com as gerações futuras.

Bibliografia
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda e MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.
MONTAIGNE, Michel de. Os Ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

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