segunda-feira, 11 de abril de 2022

Olá, você tem um minuto para ouvir a palavra de Epicuro?

 

Epicuro - "Altes Museum", Berlim. 
Foto: Francisco José Nunes

Olá, você tem um minuto para ouvir a palavra de Epicuro?


Por: Francisco José Nunes



Epicuro foi um filósofo que viveu grande parte da sua vida na Grécia, especialmente em Atenas, ele nasceu em 341 e morreu em 270 a.C. 


No início da sua “Carta da Felicidade”, Epicuro diz: 


“Que ninguém hesite em se dedicar à filosofia enquanto jovem, nem se canse de fazê-lo depois de velho, porque ninguém jamais é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito. Quem afirma que a hora de dedicar-se à filosofia ainda não chegou, ou que ela já passou, é como se dissesse que ainda não chegou ou que já passou a hora de ser feliz. Desse modo, a filosofia é útil tanto ao jovem quanto ao velho: para quem está envelhecendo sentir-se rejuvenescer através da grata recordação das coisas que já se foram, e para o jovem poder envelhecer sem sentir medo das coisas que estão por vir; é necessário, portanto, cuidar das coisas que trazem a felicidade, já que, estando esta presente, tudo temos, e, sem ela, tudo fazemos para alcançá-la”.


Epicuro viveu durante o período em que o Império da Macedônia dominou a Grécia e todo o mundo antigo. Diante do imperialismo do Alexandre Magno, Epicuro vai propor a seus discípulos que vivam em comunidade, que estudem filosofia em grupo e que procurem ter uma vida econômica autossustentada.


A proposta de Epicuro foi muito influente no mundo antigo, encontrou semelhanças com as comunidades cristãs primitivas, manteve-se viva durante a Idade Média, ganhou a simpatia dos filósofos iluministas, foi tema da tese de doutorado do jovem Karl Marx e sua proposta permanece viva até os dias atuais.


A filosofia epicurista pode servir de alento nos dias de hoje, porque em meio a este ambiente hostil, caracterizado pela superexploração dos trabalhadores, acirramento do racismo, da violência contra mulheres, negros, indígenas e LGBTQIA+; a ênfase na vida em comunidade, no estudo da Filosofia, e, no esforço para buscar uma vida econômica que não seja dependente do sistema consumista, são, sem dúvida, uma alternativa de resistência e de possibilidade de construção de uma nova sociedade fundamentada em valores elevados, tais como: a justiça no mundo do trabalho, a defesa do meio ambiente, o respeito pela orientação de gênero, a busca pela igualdade social e a vida fraterna.


Sugestão de leitura:


Livro: “Carta da Felicidade”

Autor: Epicuro

Editora da UNESP - 2002 - 51 páginas

Edição bilíngue: Grego/Português

Tradutores: Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore



Autor:

Francisco José Nunes

Mestre em Ciências Sociais - PUC-SP; Graduado em Filosofia; Professor

na Faculdade Paulista de Comunicação - FPAC.


P.S.: Este artigo foi publicado originalmente no site

"Construir Resistência", no dia 17 de setembro de 2021.

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